Como as lojas OXXO contribuíram para a queda das ações da Raízen
Quando a Raízen anunciou a entrada das lojas de conveniência OXXO no Brasil, o mercado enxergou uma oportunidade promissora. A ideia de replicar o sucesso desse modelo, amplamente consolidado no México e em outros países da América Latina, parecia ideal para diversificar os negócios e aumentar a rentabilidade da empresa. No entanto, o que parecia ser uma estratégia ousada acabou contribuindo para a pressão sobre as ações da companhia.
O principal problema do projeto das OXXO no Brasil foi o custo elevado de implementação. A Raízen precisou investir pesadamente na construção, reforma e adaptação das lojas, além de enfrentar desafios relacionados à logística e à captação de clientes em um mercado altamente competitivo. Esses investimentos, somados à expansão do etanol 2.0, aumentaram ainda mais o endividamento da companhia.
Outro fator que pesou foi a demora para alcançar a escala necessária para tornar o projeto lucrativo. Diferente de outros mercados onde as lojas OXXO já são um modelo consolidado, no Brasil o segmento de conveniência ainda enfrenta dificuldades para competir com supermercados e minimercados, especialmente em regiões onde o preço e a variedade de produtos são fatores decisivos para os consumidores.
A alta da taxa Selic também jogou contra. O custo da dívida subiu, e os resultados abaixo do esperado das lojas OXXO aumentaram as dúvidas do mercado sobre a viabilidade do projeto. Com a Raízen já enfrentando prejuízos em outras áreas, os investidores começaram a questionar a capacidade da empresa de equilibrar crescimento com rentabilidade.
As ações da Raízen (RAIZ4) sofreram forte desvalorização nos últimos meses, e o mercado passou a esperar por uma postura mais conservadora da empresa. A possível desaceleração do projeto OXXO ou até mesmo a venda de parte desse negócio são alternativas que analistas consideram viáveis para aliviar a pressão financeira.
Apesar das dificuldades, o potencial das OXXO no Brasil não deve ser descartado. Com ajustes na estratégia, como uma expansão mais gradual e foco em regiões de maior demanda, a operação pode se tornar um ativo importante no longo prazo. Para isso, porém, a Raízen precisará recuperar a confiança dos investidores e mostrar que aprendeu com os desafios enfrentados até aqui.
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